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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os bons companheiros (Goodfellas) - 1990; elegantemente brutal e sarcástico

Os bons companheiros (Goodfellas), lançado em 1990.
Um filme de Martin Scorsese.
Brilhante.
Scorsese tem este trabalho como uma de suas obras primas, e sem dúvida está entre um dos melhores do gênero. Toda a brutalidade do mundo dos gangsteres e da máfia é retratada de um modo elegante, realista, rápido e divertido. Sem dúvida há muito de humor negro aqui. O filme foi logo elogiado pela crítica e se tronou um sucesso de público. Realmente é ótimo; emocionante.

O filme começa com um assassinato, então Henry Hill, um dos criminosos, começa a narrar sua vida. Desde criança ele queria ser um gangster e ter poder e dinheiro a sua disposição. Morando no subúrbio de New York e filho de uma italiana ele se envolve desde criança com a gente da máfia ganhando muito dinheiro e aprendendo a subir na vida cometendo crimes.
Entre os mafiosos com que se envolve está Paul Cícero, Jimmy e Tommy. Após roubarem um carregamento de dinheiro de um avião, com o qual vivem cercados de luxo, Henry conhece Karen, com quem se casa.
Um dia Tommy mata um dos chefões da máfia e precisa esconder o corpo. Com várias reviravoltas e novos crimes Henry vai preso e vira traficante de drogas. Após sair da prisão ele e seus companheiros ainda assaltam outro avião. Intrigas e medo desmembram quase toda a máfia, mas ainda há muito por ocorrer a todos os personagens que permanecem vivos.

Várias cenas memoráveis compõe esse filme, como a cena do assassinato no início do filme, dentro de um porta-malas e a entrada de Henry e Karen no Copacabana Club. Tem ainda uma cômica homenagem ao cinema, numa tentativa de imitação de uma cena do filme Os brutos também amam por Tommy, que deu completamente errado e acabou em tragédia. Muito do filme parece ter servido de inspiração, 12 anos depois, para Cidade de Deus.

Está aí uma das maiores injustiças da Academia, ao premiar com o Oscar Dança com Lobos ao invés de Os bons companheiros, notadamente mais divertido e inovador.

#ficaadica

domingo, 28 de outubro de 2012

A conquista da honra (Flags of Our Fathers) - 2006; desmitificando a imagem dos heróis de guerra

A conquista da honra (Flags of Our Fathers), lançado em 2006.
Um filme de Clint Eastwood.
Clint Eastwood parece que não erra. Está aí mais uma bela produção, dessa vez da II Guerra.

Depois de desmitificar a imagem de herói nos westerns em Os Imperdoáveis, ele trata de um assunto muito delicado e questiona as políticas militares norte-americanas, que é o impacto da guerra na vida dos soldados e a formação de uma imagem de herói, quando tudo que querem é esquecer. Ele deixa bem claro que super-heróis não existem fora dos quadrinhos, e que os veteranos de guerra só contaram com um pouco de sorte, ajuda ou covardia para manterem-se vivos e conseguirem voltar. Um verdadeiro retrato da batalha.

Interessantíssimo também é que existe uma continuação, chamada Cartas de Iwo Jima, que trata da mesma batalha porém do ponto de vista japonês (A conquista da honra é do ponto de vista estadunidense).

O filme tem uma série de flash-backs e tempos psicológicos, fora de ordem cronológica; portanto, para melhor entendimento do leitor, será resumido cronologicamente.
É 1944 e as tropas norte-americanas se preparam para atacar a pequena ilha japonesa de Iwo Jima, no início parece não haver resistência, mas pouco depois se revela uma emboscada e arma-se uma sangrenta luta. Dias depois as tropas americanas sobem um monte na ilha e içam a bandeira nacional. O secretário da marinha quer a bandeira para si, mas o coronel não quer dá-la e ordena que a bandeira seja trocada, para que ele fique com a original e o secretário fique com a falsa pensando ser a original. Seis soldados fazem o simples gesto de alçar a segunda bandeira, o que não se esperava é que esse momento fosse fotografado e a imagem vira-se um emblema.
Três deles morrem em Iwo Jima e os outros três voltam para casa vistos como heróis nacionais, recebendo todo o tipo de honraria e servindo como propaganda do governo para arrecadar dinheiro para a continuação da guerra. Mas eles não se sentem heróis e o remorso se apodera deles. Ainda existe uma confusão quanto aos nomes dos alçadores e os dramas de cada um e das famílias de seus amigos mortos.

É incrível. As cenas de batalha adquirem um tom tão cinzento que beira o preto e branco e o enredo, apesar de um pouco confuso, é realista, sensível e inteligente; convidando a uma grande reflexão sobre a guerra e seu impacto na humanidade.

#ficaadica



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O Tigre e o Dragão (Wòhǔ Cánglóng) - 2000; ação, fantasia e escolhas

O Tigre e o Dragão (Wòhǔ Cánglóng), lançado em 2000.
Um filme de Ang Lee.
Geralmente não sou muito fã de filmes de artes marciais, ainda menos se eles envolverem wuxia, que é uma espécie de magia aliada à luta (que no caso deste filme se traduz em levitações). Mas como, apesar de minha clara preferência por dramas, eu não tenho preconceitos com gêneros, resolvi assistir a essa obra do renomado Ang Lee, mesmo diretor de O Segredo de Brokeback Mountain, que conquistou o Globo de ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro; e não me arrependi. Uma trama inteligente e emocionante e um espetáculo aos olhos com suas cenas de luta surpreendentes.
Li Mu Bai é um talentoso espadachim, apaixonado por Shu Lien, outra talentosíssima lutadora. O mestre de Li Mu Bai foi assassinado, a um bom tempo, por Jade Fox, que queria roubar os segredos da luta Wudang. Querendo se desfazer da vida de guerreiro, Mu Bai pede a Lien que leve sua espada, Destino Verde, para um amigo em Pequim. Lá ela conhece Jen, uma aristocrata prestes a se casar. O que se vem a saber depois é que Jen é discípula, muito mais poderosa que sua mestra, de Jade Fox. Jen rouba a espada e anseia por liberdade e pelo amor de um vadio que conheceu no deserto. Mas a vida de todos os personagens se cruzam em meio a dramas e emocionantes lutas e perseguições; que moldam os rumos de suas vidas.


O Tigre e o Dragão é um conto fantasioso e violento sobre amor, paz espiritual, artes marciais, amadurecimento, traição, destino e liberdade. É evidente seus traços feministas - boa parte da trama, inclusive, é baseada numa revolta das personagens com a submissão e o menosprezo a que foram condenadas por nascerem mulher - e filosóficos. O filme aborda, ainda, a relação entre mestres e alunos e a covardia e a desonra do envenenamento.
Realmente muito bom e muito bonito.

#ficaadica

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Cabaret (idem) - 1972; viva e deixa viver

Cabaret (Cabaret), lançado em 1972.
Um filme de Bob Fosse.
Cabaret é um filme irreverente, e diferente da maioria dos outros musicais por, ao invés de ter todo o elenco a cantar do nada, de modo bem surreal, ter uma narrativa comum que, em momentos específicos, é interrompida por cenas de números musicais com letras confirmando, ou dando tom cômico, ao que foi abordado na trama principal. É tido como um dos melhores musicais de sempre e, embora eu prefira Chicago, por ser extremamente divertido, é mesmo um bom filme, sensual, irônico e corajoso. Liza Minnelli também impressiona pelo trabalho encantador.

Nos anos 30 a dançarina norte-americana Sally trabalha num cabaré de Berlim, no mesmo período da ascensão do nazismo. Seu grande sonho é tornar-se uma grande atriz de cinema. Chega à cidade um inglês escritor e professor chamado Brian, que desde o início é bem recebido por Sally, que chega a pensar que ele é gay. Ele passa a acompanhar a amiga em suas loucuras e boemia até que finalmente se apaixonam e ficam juntos. Sally também se envolve com um rico alemão chamado Maximilian e então os três vivem num triângulo amoroso, cheio dos luxos que o dinheiro de Max pode comprar. Depois de uma experiência sexual com Brian, Max abandona os dois e vai pra Argentina, deixando algum dinheiro pros dois. No ventre de Sally há uma criança de pai desconhecido. Há ainda uma subtrama, e de dois judeus apaixonados que temem o futuro de seu povo na Alemanha. O filme inteiro faz alusões e críticas ao partido nazista.

Ele vai mostrando aos poucos a subida dos ideais imperialistas e antissemitas de Hitler, que deu no que deu, com um cenário perfeito que é o Cabaret, que faz sátira política em suas apresentações. Um retrato da Alemanha pré-nazista. Trata, ainda, de temas como amor, traição, sexo, riqueza, aborto, homossexualidade e bissexualidade, relações pai-filho e antissemitismo.

Um espetáculo de imagem, som e arte.

#ficaadica

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Armageddon (idem) - 1998; ultrapassando a barreira do ridículo

Armageddon (Armageddon), lançado em 1998.
Um filme de Michael Bay.
Acabei de perder duas horas de meia de minha vida. Vi-o a alguns minutos e vim alertá-los para não se renderem às promessas da capa e não perderem tempo e dinheiro com este filme. Detestei, odiei. Cuspo e escarro sobre essa produção. Não quero rever nunca mais essa ficção barata.

Longo, barulhento, feio, surreal, bobo, irritante são alguns dos adjetivos mais apropriados. Tirando a música do Aerosmith e os efeitos especias, que na maior parte do tempo são bem feitos porém surrealistas e desnecessários, não há nada mais a elogiar.
Nem o elenco de peso salva esse erro do cinema norte-americano. Os personagens são ridículos e infantis, tentando dar um ar cômico num filme cujo tema não permite. E algumas cenas melodramáticas, das mais baratas que há, afundam o filme a mais de 244m, com certeza.
Não pude evitar fazer uma careta de desprezo na cena da perseguição de Harry a A.J., muito menos na lamentável cena do jogo de palitinhos... E a conversa de Harry com a filha... me embrulhou o estômago.

A porcaria do enredo gira em torno de uma catástrofe prestes a acontecer: um asteroide gigantesco em rota de colisão com a terra, a dezoito dias de distância; onde iria acabar com toda a vida no planeta. Diante disso a NASA, ao invés de mandar uma equipe de astronautas, convoca um bando de petroleiros infantis e imprestáveis para uma missão que, vejam bem - podem rir que é uma besteira digna disso -, consiste em pousar duas naves na superfície do asteroide, furar 244m nele e enterrar uma bomba nuclear, minúscula, a fim de dividir o corpo em dois e cada um dos pedaços contornar a terra. Chegando lá tudo começa a dar errado e inicia-se uma série de imagens lamentáveis, que agridem os olhos e os ouvidos e uma consequente ação heroica de salvar a humanidade.

Tem de tudo! Inclusive fogo no vácuo e correntes de ar - leia-se vento - na superfície do asteroide onde não há atmosfera. Cada cena, cada fala, cada segundo de filme, cada personagem é totalmente tosco.

Geralmente dou aos leitores a opção de se "arriscar" a ver um filme que não gostei, mas desta vez preciso usar uma hashtag diferente:

#passelonge

sábado, 20 de outubro de 2012

O Código Da Vince (The Da Vinci Code) - 2006; polêmico, rápido e divertido

O Código Da Vince (The Da Vinci Code), lançado em 2006.
Um filme de Ron Howard.
Antes de tudo é um filme polêmico, que desagradou boa parte do mundo por cutucar com vara curta a religião cristã, gerando protestos, censura e até vaias mundo afora. Com certeza o filme não chega perto do livro, que apesar de um best-seller cheio de falhas é dos mais divertidos livros policiais e que prende o leitor com sua narrativa rápida e detalhes históricos.
A desaprovação do filme por parte das pessoas - sejamos francos - na maioria das vezes foi por puro preconceito, uma vez que o filme é uma "heresia", segundo o Vaticano. Mas seria hipocrisia dizer que o filme não cumpre seu papel: divertir o espectador. O belo enredo, criação do escritor Dan Brown, alia investigação policial com história, arte e simbologia de forma rápida e cheia de ação.

O espectador, antes de se aventurar a assisti-lo, deve primeiro entender que o filme não é nada mais que ficção, ainda que apareça supostas provas de sua veracidade histórica e religiosa, que não está fazendo apologia contra a Igreja, nem revelando uma "verdade oculta", mas sim buscando deixar o espectador com os nervos á flor da pele. Em segundo momento, o espectador deve se despir da idéia de é que uma lamentável heresia, que os padres e pastores não gostariam que tu assistisse, e ver apenas como uma obra do cinema. Ele não vai abalar sua fé a menos que ela já esteja fragilizada. Pronto, agora já pode se deliciar com muita ação e suspense, enquanto viaja para Paris e visita monumentos e obras de arte.

Em Paris, dentro do Museu Do Louvre, um homem é misteriosamente assassinado. Para tentar resolver o mistério, que envolve símbolos deixados, é convocado Robert Lagdon (Tom Hanks), um professor de simbologia. Junto com a neta da vítima, eles fogem da polícia numa emocionante busca pela verdade, correndo o risco de vida. Mas além de tudo isso, há flash-backs, dramas pessoais dos personagens, segredos por serem revelados, corrupção e crimes mais.

Digam o que quiser, mas eu gostei.

#ficaadica

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cidade de Deus - 2002; um retrato violento do subúrbio carioca nos anos 60-80

Cidade de Deus (Cidade de Deus), lançado em 2002.
Um filme de Fernando Meirelles.
Muita gente insiste em dizer que filmes brasileiros são todos ruins. Isto é uma injustiça. Embora o cinema brasileiro não costume ser lá essas coisas, temos vários bons títulos, alguns de grande fama internacional como este aqui, que conquistou a crítica e o público ao redor de todo o mundo. Mas sejamos sinceros: é o único trabalho realmente bom de Fernando Meirelles.
Cidade de Deus é um filme difícil de assistir, mostra uma realidade amarga, cruel e violenta; as origens do crime e da violência com base na pobreza e na desigualdade, em especial do cenário do filme: a cidade do Rio de Janeiro dos anos 60, 70 e 80. Impressionante também é que a maioria dos atores eram verdadeiras crianças pobres, moradoras de favelas; e mesmo assim é cheio de performances excelentes.  Muita ação e surpreendentes cenas violentas, um retrato da violência e do tráfico nas grandes cidades e da pobreza de toda uma comunidade.
Muito realista e amargo.
A primeira cena é cômica: uma perseguição a uma galinha fugitiva. No entanto ela para entre um jovem e uma gangue. O jovem chamado Buscapé teme por sua própria vida quando inicia-se um flash-back mostrando como o jovem foi parar ali.
Marreco é irmão de Buscapé, ele integra uma gangue que assalta os negócios da região da favela Cidade de Deus; eles roubam e em troca de proteção distribuem os lucros com toda a favela. Sob a influência de um pequeno garoto "fã", Dadinho, eles decidem assaltar um motel, porém sem matar ninguém. Mas Dadinho fica insatisfeito e mata os ocupantes do motel e se esconde. Um dos três integrantes originais se junta à igreja e os outros dois são mortos. Anos mais tarde Dadinho muda o apelido para Zé Pequeno e torna-se um chefe do tráfico de drogas, que concorre com Cenoura, outro traficante. Inicia-se uma guerra sangrenta entre as duas facções, que envolve toda a Cidade de Deus. Buscapé tem a fotografia como hobby e seu trabalho é publicado num jornal, revelando o rosto de Zé Pequeno. Mas ao contrário do que pensa Buscapé, Zé não se irritou com a exposição e não quer matá-lo, pelo contrário. Estamos novamente na cena da galinha, quando o filme toma outros rumos que podem decidir o futuro de Buscapé.
#ficaadica

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ghost: do outro lado da vida - 1990; um clássico divertido que une romance, comédia e ação

Ghost: Do outro lado da vida (Ghost), lançado em 1990.
Um filme de Jerry Zucker.
- O quê, Flávio? Essa velharia que toda a gente já cansou de ver - indagarão alguns.
Sim, esse clássico do início dos anos 90, que inspirou vários outros filmes ao longo dos anos, é uma diversão despretensiosa e, embora espiritualizada, sem falsos exoterismos ou apologia ao espiritismo. E aprendam de uma vez por todas:
filme antigo está longe de ser sinônimo de filme ruim.
Uma história feita apenas para divertir e contagiar o público, e embora como coadjuvante, Whoopi Goldberg rouba a cena e sozinha faz boa parte do show. Este aqui também é o dono de uma das cenas mais famosas e reconhecidas do cinema (primeira imagem ao lado), além de super popularizar a canção Unchained Melody, na época já um antigo clássico. 

- É um melodrama sobrenatural brega?
Talvez seja, mas é muito gostoso de ser assistido. E olha que minhas crenças são das mais limitadas...

Molly (Demi Moore) e Sam (Patrick Swayze) formam um casal apaixonado que acabaram de se mudar para um apartamento novo. Ele é banqueiro e após descobrir um golpe financeiro é assassinado a mando de seu amigo em quem confiava. Quem era vivo agora é um fantasma, incapaz de ser visto ou ouvido. Ele descobre as tramóias dos criminosos e percebe que Molly corre risco de vida. Então ele conhece Oda Mae (Goldberg), uma cartomante falsária que é capaz de ouví-lo. Ele pede ajuda para salvar a ex-esposa e Oda aceita. Mas claro que a início Molly não acredita nela, chamando-a de tranbiqueira interesseira. Com a ajuda da amiga de poderes sobrenaturais ele sabota os criminosos, limpando uma conta bancária e doando o dinheiro à caridade. Mas os criminosos não pretendem deixar barato.

Rápido, ativo, divertido, engraçado e romântico. Tudo na dose certa. Se tu é dos poucos que ainda não viram essa velharia, está perdendo um bom clássico.

#ficaadica