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domingo, 25 de novembro de 2012

Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima) - 2006; a guerra não tem "lado malvado e lado bonzinho"

Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima), lançado em 2006.
Um filme de Clint Eastwood.
Há quem diga que puxo o saco de Clint Eastwood, mas ainda não vi um filme dele que não valesse a pena; e este drama de guerra aqui, a continuação de A conquista da honra, é um dos melhores trabalhos dele que já tive o prazer de assistir, melhor que o primeiro filme da série. Enquanto o primeiro desmitifica a imagem do soldado herói ao retratar a Batalha de Iwo Jima do ponto de vista norte-americano; Cartas de Iwo Jima vai além com sua mensagem ao retratar a mesma batalha do ponto de vista japonês.

E é esta a peculiaridade que torna este um dos mais originais e interessantes filmes de guerra já filmados; pois apesar de ser um filme norte americano, diferentemente de todos os outros do gênero, ele não exalta a guerra e a América, apenas aborda o conflito de modo quase imparcial que nos dá um soco no estômago, principalmente se o espectador for um norte-americano, talvez por isso não tenha feito tanto sucesso por lá. Se não bastasse, o japonês é a língua principal do filme e o inglês e os soldados americanos meros coadjuvantes. Como todo filme de guerra, é difícil de ser assistido, violento, triste e amargo. Vê-lo antes de A conquista da honra não interfere na compreensão, são bem independentes.
O roteiro de Iris Yamashita e Paul Haggis é baseado em dois livros de não-ficção, cuja reconstituição histórica foi possível por meio dos relatos presentes em cartas de soldados. Assim boa parte dos personagens e eventos são históricos, e não pura ficção.
Temos dois protagonistas, o general Tadamichi Kuribayashi, militar estudado nos EUA e o soldado Saigo, ex-padeiro que não apóia a guerra. Ambos são mal vistos pelos companheiros por causa se suas idéias diferentes do pregado nas propagandas do governo, exaltando a guerra, a pátria e o Imperador acima de tudo. Não há muito que dizer do enredo, é uma reconstrução violenta da batalha de Iwo Jima, ocorrida na ilha de mesmo nome durante 40 dias, onde os japoneses vão ficando sem água e comida e cada vez mais próximos da morte. Não é que o enredo seja carente de fatos e ação, muito pelo contrário, o excesso deles é que torna difícil um resumo e torna arriscado que revelemos mais que o necessário, meu conselho é assistir, vale muito a pena, me arrisco a dizer que vale mais a pena que o clássico O resgate do soldado Ryan.
Não bastasse tantas qualidades, ainda devemos mencionar a bela edição de som, muito realista, e também a trilha sonora, que entra apenas no momento certo e fica longe de ser melodramática. Mas interessante mesmo é a imagem, a fotografia, o filme é bastante dessaturado, deixando-o em tons cinzas, quase preto-e-branco. E quanto mais tenso é o estado psicológico dos personagens, mais a imagem fica sem cor e fria, incomodando nem cenário horroroso como é um campo de batalha. 
O filme não é anti-guerra nem uma glorificação desta, mas um retrato da humanidade existente dentro de desumanos conflitos armados; supera de longe seu irmão A conquista da honra, que também não é ruim. Sem dúvida uma experiência fantástica.

#ficaadica

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