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domingo, 3 de março de 2013

A insustentável leveza do ser (The Unbearable Lightness of Being) - 1988; amor, erotismo e revolução

A insustentável leveza do ser (The Unbearable Lightness of Being), lançado em 1988.
Um filme de Philip Kaufman.
Não é preciso muito conhecimento histórico para saber que o ano de 1968 foi bastante conturbado em todo o mundo: ditadura militar no Brasil, Guerra do Vietnã, Revolução Sexual, Maio de 68, Morte de Luther King, Massacre de Tlatelolco, Primavera de Praga.

É nesse cenário político que o filme se ambienta, na Tchecolosváquia durante a Primavera de Praga e algum período depois. 
Tomas (Daniel Day-Lewis) é um neurologista mulherengo, amante de uma sedutora artista plástica chamada Sabina (Lena Olin). Numa visita de trabalho ao interior ele conhece uma bela fotógrafa chamada Tereza (Juliette Binoche), a qual o segue até Praga e passa a viver com ele. Logo o triângulo amoroso começa a criar ciúmes nas mulheres, até que as tropas da URSS e do Pacto de Varsóvia invadem o país para conter a revolução democrática que se iniciara com a Primavera de Praga e Tereza fotografa a violência da invasão, o que acaba lhe trazendo problemas com a polícia e servindo como prova para incriminar pessoas. Uma onda de emigração assola o país e os três acabam se mudando para Genebra na Suíça, onde Sabina se envolve com um professor universitário casado. Mas a vida dos quatro ainda revelará várias surpresas.

O título do filme é bonito, poético, mas só após o ver (ou ler o livro homônimo do qual foi adaptado, de Milan Kundera), é que entendemos seu significado. Essa leveza está em Tomas e Sabina.
Tomas é jovem e mostra-se bastante alheio ao cenário político de seu país, ele não é um militante político, apenas curte sua liberdade (ou leveza) e busca o prazer sexual desapegado, não lhe atrai a ideia do "peso" de um relacionamento. Então aparece Tereza e coloca a filosofia de vida dele em cheque, ele a ama, não há dúvidas, mas ela é um fardo que o incomoda. Já Sabina partilha da ideia de desapego de Tomas, tem quase uma compulsão em não se envolver além do sexo. Leveza esta que eventualmente pesará em sua situação existencial.

O sexo é um tema-chave aqui. É um filme sensual, praticamente erótico. Há várias cenas de sexo e nudez, mas estas são leves, belas, sutis, naturais. Não incomodam ou constrangem. Uma das mais belas cenas, sem dúvida, é o ensaio fotográfico mútuo de Sabina e Tereza, parece até um baile. E o elenco tem culpa nisso. Sublimes atores. Day-Lewis, magro e jovem, convence em seu papel de intelectual boêmio. Binoche está divina, sensual porém ingênua, doce, profundamente apaixonada e sofredora. E Lena Olin ainda mais sensual, misteriosa e confiante.

É um filme belíssimo, uma verdadeira obra de arte. A fotografia é belíssima. Também há trechos de filmagens reais sobre a invasão russa. Kaufman acerta muito no tom romântico e existencialista na adaptação. O romance - já o li - é um tanto filosófico. Essas questões aparecem aqui com sutileza mas com força e incrível beleza.

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