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sábado, 9 de março de 2013

Nós que aqui estamos por vós esperamos - 1999; um olhar sobre o século XX

Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos (Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos), lançado em 1999.
Um documentário de Marcelo Massagão.
“Em uma guerra não se matam milhares de pessoas. Matam-se uns que adoram espaguete, outros que são gays, outros que namoram. Em uma guerra, acumulações de memórias são assassinadas”.
  Cristian Boltanski 

Essa é apenas uma das citações presentes nesse belíssimo documentário, que antes de tudo fala precisamente sobre memórias. O cineasta brasileiro Marcelo Massagão tem este filme como sua obra prima, que custou a merreca de 140mil reais, a maioria gasta em direitos autorais. É até difícil crer que com tão pouco ela conseguiu fazer algo tão criativo, emocionante e sobretudo poético, mesmo sendo amargo e crítico muitas vezes. 
A película "apenas" nos mostra mudanças do século XX de um modo interessante, "mais nada". Não há roteiros, não há narrador, não há atores. "Simplesmente" centenas de fragmentos de vídeos (a maioria em preto e branco), trechos de discursos e frases de efeito, fotografias e imagens de obras de arte reunidas e editadas para compor uma narrativa atemporal, em que o passado não segue uma ordem cronógica e saltamos setenta anos em menos de um segundo, alternando entre o riso e o choro reprimido. Isso enquanto ouvimos músicas do belga Wim Mertens.

Quem tem de especial, então? Tudo!
Enquanto as fotos e sobretudo fragmentos de vídeos vão sendo exibidos, datas, textos de Massagão, nomes e frases de efeito aparecem na tela. Mas não são como textos tirados de um livro de história, pelo contrário, o que se vê aqui de histórico quem nos conta são as imagens. Mas é certo que um conhecimento básico de história do século XX ajuda a deliciar ainda mais esse filme.

Ao longo do filme vamos acompanhando as mudanças do mundo que ocorreram nesse período, sejam elas políticas, econômicas, científicas, tecnológicas, religiosas e culturais. Vemos o surgimento do cinema, do modelo de produção fordista, da psicanálise, a eclosão de duas guerras mundiais, os conflitos no Vietnã e na China, revoluções culturais, a quebra da bolsa em 29; enfim, acontecimentos históricos. Mais que isso a mudança cultural da humanidade: a mulher entrando no mercado de trabalho, a revolução sexual, o consumismo, a correria em que a vida se tornou.
E o cineasta não se prende a grandes nomes como Hitler e Freud, pelo contrário, as melhores partes são os trechos em nos são apresentadas pessoas comuns, anônimas, e seus "feitos" na vida. Ou as ironias dela. Acima de tudo o cineasta nos aponta a idéia de inevitabilidade da morte. Tudo nesse vídeo é sensível e humano. Emoções como ingenuidade, medo, angústias e alegrias invadem a tela em meio a montagens. Tudo produzido num computador de 128MB de RAM e alguns MHz de processamento, após mais de 2000 horas de edição. Um feito épico!

#ficaadica

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