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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre) - 1999; o charme da mais reconhecida obra de Almodóvar

Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre), lançado em 1999.
Um filme de Pedro Almodóvar.
Reconhecido em todo o mundo pelo seu modo particular de fazer filmes, Pedro Almodóvar é talvez o mais poderoso nome da atualidade do cinema espanhol. Tendo recebido fama internacional já no final dos anos 80, foi a partir do final dos anos 90 que se consagrou definitivamente, sobretudo com o sucesso de Todo sobre mi madre, que levou diversos prêmios ao redor do mundo, inclusive o Oscar de melhor filme estrangeiro.

Manuela (Cecila Roth) é uma mãe solteira que vive em Madri. No aniversário de seu filho ela leva o garoto ao teatro, e quando ele tenta pegar o autógrafo da estrela do espetáculo é morto por um atropelamento. Arrasada com a perda ela se muda para Barcelona, onde espera encontrar o pai do garoto, Lola, um travesti que nunca soube que tinha um filho.

Almodóvar, que também assina o roteiro, é conhecido pelas singelas homenagens à vida, por abordar temas polêmicos e por colocar mulheres nos papéis principais de suas obras. Não é diferente com Tudo sobre minha mãe, que é um filme feminista, mas do melhor e mais despretensioso modo possível. Cecilia Roth é Manuela, uma enfermeira que um dia engravidou de um travesti e fugiu para outra cidade para criar sozinha o filho. Quando ela volta à Barcelona encontra uma transsexual já conhecida, e fica a saber que o pai de seu filho a roubou. Com a dor de sua perda ela acaba assumindo um papel maternal em relação à Agrado, que sofre nas ruas mas sem nunca perder o bom humor, e sobretudo com Rosa (Penélope Cruz), uma freira que também está grávida de Lola. Ainda se torna assistente da atriz lésbica - cuja amante é viciada em heroína- que, indiretamente e sem pretensão, matou seu filho.

Apesar do absurdo no qual este enredo se embrenha, chegando a ser ridículo e lembrar uma novela mexicana, Tudo sobre mi madre é um filme humano, intenso, real.
Com passagens bem humoradas e outras dramáticas, temos uma obra agridoce poderosa, profunda e sensível, capaz de machucar e levantar uma reflexão sobre variados temas como a doação de órgãos, a vida, a morte e o impacto nos que ficam, identidade sexual, HIV e os laços afetivos entre os seres humanos. Os personagens são muito bem desenvolvidos, e a humanidade que exalam, entre suas alegrias e frustrações, sonhos e desilusões nos comovem e nos afasta dos estereótipos; o elenco é competente, destacando-se além de Roth as atrizes Marisa Paredes e Antonia San Juan. 

É um filme melancólico (mas nem um pouco apelativo), mas paradoxalmente ele transborda vida com sua fotografia colorida e alegre (marca registrada do diretor) e com a trilha sonora sutil. É cinema em sua mais artística e gratificante forma, daí seu poder de agradar a praticamente qualquer tipo de público (menos os mais conservadores). Para os amantes do cinema ainda há uma pequena paródia, uma pequena homenagem, ao filme A Malvada. 

É tragicômico, bizarro, mas imensamente real. Obra obrigatória para os cinéfilos.

#ficaadica

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