Drama Comédia Animação Suspense Romance Curta-metragem Faroeste Fantasia Ação Aventura Musical Ficção Guerra Épico Crime Terror

sábado, 9 de maio de 2015

A Pele que Habito (La piel que habito) - 2011; sexo e vingança

A Pele que Habito (La piel que habito), lançado em 2011.
Um filme de Pedro Almodóvar.
Do que conheço da obra de Almodóvar, infelizmente este filme é o pior do diretor, embora ainda seja razoável. Acontece que o seu já conhecido estilo de filmar histórias absurdas, aqui parece ter passado um pouco da conta, o que causa certo incômodo. Também faz falta a conhecida fotografia em tons cálidos e cores vivas.
Roberto Ledgard (Antonio Banderas) é um famoso cirurgião plástico que realiza experimentos para criar uma pele artificial capaz de ajudar pessoas queimadas. Em certo momento sua filha, que tem problemas mentais ligados a traumas envolvendo a falecida mão, é quase estuprada, o que gera uma crise na garota. O médico, então, elabora uma vingança contra o agressor.


Assim como a maior parte da obra almodovaresca, aqui temos um filme onde questões de sexualidade e gênero são abordados. Porém este assunto aqui é explorado de modo mais incomum, escorado no suspense, gênero que o diretor mostra certa dificuldade em trabalhar. Os frequentes personagens travestis, homens em sexo que se reconhecem como mulher ou desejam ser como uma, aqui dão lugar a um homem hétero preso contra sua própria vontade na pele de uma mulher. Em comum esses personagens têm o fato de estarem desconfortáveis com sua situação de não se reconhecerem em seus próprios corpos. Desconstrução absoluta.
Acontece que esta trama, e também todas as várias subtramas, carregam um absurdo exagerado, que choca mas logo nos deixam completamente incrédulos.


Além destas questões de gênero, vingança e bioética aparecem no texto vindas de um cientista louco. Aliás, não parece haver um personagem "normal" aqui. Todo mundo com hábitos estranhos, falas proferidas com a frieza de psicopatas. Toda a gente excêntrica. Tudo bizarro. Cenas que seriam tensas, brutais, chocantes, geram risos, ora desconfortáveis (ali há sim humor negro) ora de escárnio. No final nem há a empatia do drama, nem a surpresa do suspense, nem o horror da violência. Só um mal estar deixado pelas risadas.

O filme peca também na montagem. Para começar a trama melhor funcionaria se fosse linear, mas ela volta e avança no tempo. Isso é desnecessário e só serve para deixar o filme confuso. A conhecida fotografia de Almodóvar, colorida, alegre, de tons quentes, aqui, com raras excessões, é asseptica, fria. A nudez sempre explorada com enorme sensualidade, aqui, sob uma luz fluorescente de um consultório, pouco tem de sensual. Aliás é também o menos sensual dos filmes que já vi do cineasta. Se limita a Elena Anaya metida num colant bege a fazer ioga e uma decoração de pinturas de nus femininos. A trilha sonora, porém, é legal.

Depois de tantas ótimas obras não é qualquer deslize que vai queimar o filme de Almodóvar, mas ele tem sim momentos bem melhores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário