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domingo, 31 de janeiro de 2016

Nashville (idem) - 1975; e os verdadeiros EUA

Nashville (Nashville), lançado em 1975.
Um filme de Robert Altman.
Altman é reconhecido principalmente por MASH e pelo uso de histórias paralelas usado em Short Cuts - Cenas da Vida em 1992. No entanto ele usara esse tipo de narrativa anteriormente em Nashville. Aqui ele satiriza a sociedade do espetáculo da cidade de Nashville, um dos maiores polos fonográficos dos EUA.

Uma banda country tem um vocalista mulherengo que tem caso com a companheira de banda (casada com o terceiro membro). Uma jornalista inconveniente da BBC vive a tagarelar por aí. Um cantor country consolidado recebe convite de entrar para a política. Uma cantora country é desequilibrada mentalmente. Uma garçonete e uma mulher que deixou o marido querem ser cantoras. Um homem tem a mulher prestes a morrer e um sobrinha rebelde que não dá a mínima para isso. Uma cantora gospel casada recebe ligações misteriosas de outro homem. Há várias outras subtramas.

Entre final da Guerra do Vietnã e do movimento hippie e renúncia de Nixon após o escândalo de Watergate, vivia os EUA quando Altman filmou esta obra. O interior daquele país nunca foi muito explorada no cinema, pelo menos não tanto quando comparado a cidades como Miami, Nova York, Los Angeles e Washington. Mas é uma região densamente povoada que também protagoniza os rumos políticos e culturais que a nação inteira segue. Então aparece Altman com o olhar sobre a capital do Tennessee e seus costumes da época. Com a vasta gama de personagens, o cineasta explora toda aquela sociedade, em seus costumes a anseios. E lá está uma sociedade sulista, conservadora, religiosa e tradicionalista, quase incapaz de aceitar que o mundo muda. Uma personagem está tão presa ao passado que saudosista ainda lamenta a morte de John Kennedy mais de dez anos antes.

Polo fonográfico, a cidade abriga grandes estúdios que atraem aspirantes a cantores assim como Los Angeles atrai aspirantes a atores. No meio dessa algazarra, abunda, sobretudo, cantores de música country e folk. E estes conduzem a maior parte das tramas, fazendo do filme um musical. As canções foram compostas e cantadas pelo próprio elenco, inclusive uma canção, composta e interpretada por Keith Carradine, levou o Oscar. 
Mas política também se mistura nessa sátira. O filme todo acontece nas vésperas da eleição presidencial. Carros de som fazem um monólogo sobre um dos candidatos, que propõe entregar o governo estadual a um famoso e influente cantor se ele o ajudar com a propaganda; por outro lado o marido e empresário de uma outra cantora tem pavor de pensar nela envolvida em qualquer assunto político. 

A narrativa se vale de múltiplas tramas e afinal são tantos personagens que cada um deles tem pouco tempo e poucas cenas para se desenvolverem (e há espaço para muita improvisação dos atores). Acompanha-se esses seres com certo distanciamento, certa indiferença, como a dizer que ali não há nada mais que banalidades, que são pessoas comuns. Filmes com múltiplas tramas acabam sempre por convergirem num único ponto, unindo todos os personagens uns aos outros. Em Nashville há algo parecido, mas a ligação entre personagens é fraca. Em vez de usar as múltiplas tramas para dizer que tudo é interligado nessa vida (como fazem Babel, Crash e Magnolia, todos de diretores que se referenciaram em Altman) usa múltiplas tramas para retratar uma realidade social. São todos tão pouco exclusivos no mundo, que até seus diálogos, quando realizados em ambientes ruidosos, não são em demasiado isolados, pois é só mais uma conversa entre tantas. No final, alheios a todos os problemas, uma multidão canta "isto não me aborrece".

Não é à toa que muitos críticos e estudiosos do cinema considerem este filme um dos mais marcantes da década de 70, ousado no estilo e na crítica à sociedade.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Cake - Uma razão para viver (Cake) - 2014; a vida segue

Cake - Uma razão para viver (Cake), lançado em 2014.
Um filme de Daniel Barnz.

Sou grande fã de Friends e consequentemente de Jennifer Aniston. E é por causa de Friends e sua eterna Rachel, que Aniston é uma das atrizes mais queridas dos EUA. No entanto esse meu "fanatismo" por ela começa em Friends e ali mesmo termina. Após a sitcom ela continuou famosa (diferente dos colegas da série) devido à uma enxurrada de filmes de comédia ou comédia romântica que nunca me interessaram. Em Cake ela abraçou um papel dramático e houve quem apostasse que seria indicada ao Oscar. Cake é um filme mediano em que Aniston mostra ser capaz de papéis dramáticos, embora não justifique prêmios.




Após sofrer um acidente que mata seu filho e a deixa muito ferida, Claire (Aniston) sofre de dor crônica, o que a obriga a se entupir de analgésicos e sedativos. Infeliz, sua relação com as pessoas é dificultada e ela sobra quase sozinha, sem saber onde e como arrumar forças para continuar.


Menos magra e com pouca maquiagem (exceto a usada para criar cicatrizes), Aniston faz um trabalho cru, onde o que conta são os nuances de cada gesto, cada postura, cada expressão facial. Cercada de coadjuvantes competentes, a base para a qualidade de seu trabalho é moldada. Claire é carregada de dor, tristeza, culpa e amargura. No entanto o filme não vai muito além disso.



Tirando os atores, em especial Aniston, nada mais se destaca no filme. Na fotografia há muita técnica para pouca sensibilidade. E o roteiro tropeça muito. Em diversos momentos a obra flerta com a comédia e o resultado não é bom. As piadas de humor negro e o sarcasmo de Claire são toleráveis, combinam com a personagem amargurada e revoltada com os rumos da vida. Mas uma mexicana xingando em espanhol e uma pequena ladra - que supostamente há de se tornar atriz pornô depois de se frustrar com uma carreira artística - fazendo bons bolos estão ali como extravagâncias.

As alucinações envolvendo uma morta, então, não ajudam em nada.
E o enredo é a velha fórmula da pessoa que precisa superar um trauma.

Só vale a vista pela Aniston.