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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy) - 1989; leve e sensível

Conduzindo Miss Daisy (Driving Miss Daisy), lançado em 1989.
Um filme de Bruce Beresford.
Conduzindo Miss Daisy é uma comédia levíssima, muito mais de sorrisos sutis que de verdadeiros risos, com ar de drama. Tão leve e despretensioso que seu filho de quatro anos pode ver sem problemas, embora ele não vá tirar tudo o que há de proveitoso no filme, que também traz mensagens implícitas e muito sutis. O humor se dá pelas falas irônicas dos personagens e algumas ações divertidas do cotidiano. Ver esta fita parece ler uma crônica. E uma crônica que fala sobre amizade, velhice e preconceito, de um modo muito natural, sem forçar nem levantar bandeiras. E isso é bom mas também é ruim, pois acaba não tendo grande relevância social, mas se mantém como uma bela obra cinematográfica que discretamente passa uma mensagem do valor do caráter e da amizade.

Estamos em 1948 e uma rica judia chamada Daisy (Jessica Tandy), senhora de temperamento difícil e personalidade forte,com seus setenta e poucos, anos sofre um pequeno acidente de carro. Sai sem um arranhão, mas o carro será trocado pela seguradora. Não aceitando mais que a mãe dirija e temendo a reação da seguradora, o filho Boolie (Dan Aykroyd) decide contratar um motorista, e o escolhido é Hoke (Morgan Freeman), um negro de personalidade calma e paciente. Boolie já na entrevista alerta sobre as dificuldades de lidar com a mãe, mas Hoke ainda aceita o emprego. Com muito custo e paciência ele quebra o gelo com a patroa, que está sempre a pegar em seu pé e ser desagradável. Mas com a convivência aos poucos eles se tornam amigos, e eventos ao longo de 25 anos da relação deles são mostrados, como Daisy ensinar Hoke, analfabeto, a ler.

Sem sombras de dúvidas o maior êxito do filme é o elenco. Aykroyd faz um bom trabalho e encarna o filho de Daisy, que acostumado com as excentricidades da mãe já não faz tanto caso do que ela diz e age, várias vezes, contra a teimosia dela. Mas o verdadeiro show de talento são dos dois protagonistas. Jessica Tandy, bela mesmo com a idade avançada, faz um de seus melhores trabalhos. Daisy é uma professora aposentada, teimosa, amargurada, auto confiante; reluta em rever seus conceitos e mostra-se conservadora. Ela não aceita o fato de já não poder dirigir e recusa o motorista por medo do que as pessoas vão pensar: que ela é uma velha gaga e que gosta de esbanjar dinheiro. E Freeman... maravilhoso! Um dos melhores atores vivos, e dos mais versáteis. Quem o viu como assassino em Os Imperdoáveis agora o vê na pele de um motorista humilde, paciente, bondoso, de fala calma e anasalada e risada extravagante porém contida. Ele é analfabeto e em seu olhar percebemos uma vida difícil, convivendo com a discriminação por ser negro, numa época em que os direitos civis negros eram ainda um sonho. Eventualmente a senhora compreende o que passa o motorista quando finalmente ela se dá conta de que também é uma minoria, ela é judia.

E o filme é recheado de cenas marcantes e interessantes: Hoke tentando encontrar o túmulo que a patroa pediu, baseado apenas na primeira e na última letra do nome; Daisy presenteando o motorista com um livro; a cena em que Hoke pede aumento a Boolie; a cena do xixi na estrada e a da ação dos policiais. A trilha sonora é interessante e bem planejada; e a direção de arte e a maquiagem impecáveis.

#ficaadica

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